Universidades brasileiras lideram entre as melhores da América Latina, mas para o aluno a avaliação deve ser baseada em critérios nacionais
Um dos momentos mais desafiadores na vida de qualquer jovem estudante é prestar o vestibular. Porém, há uma decisão que antecede esse momento: a escolha da universidade. Entre tantas opções disponíveis de instituições privadas e públicas, pode haver uma confusão, o que gera a dúvida “como saber se a faculdade tem qualidade?”.
Como saber se a faculdade tem qualidade
Um ranking realizado pela consultoria britânica Quacquarelli Symonds (QS) mostra que as universidades brasileiras estão entre as melhores da América Latina. No levantamento, divulgado em setembro de 2023, entre os dez primeiros lugares, quatro são ocupados por instituições nacionais, sendo que a Universidade de São Paulo (USP) lidera a lista.
A consultoria levou em conta indicadores como reputação acadêmica e impacto na web para compilar o ranking. No total, 97 instituições de ensino brasileiras estão entre as 430 universidades listadas de 25 países. Entre as 10 primeiras colocadas, destacam-se a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Entretanto, para a pesquisadora doutora na Unicamp e membro do conselho editorial do RUF (Ranking Universitário Folha), Sabrina Righetti, os critérios de análise para as universidades brasileiras precisam ser ajustados quando examinamos as instituições internamente.
Righetti explica que no RUF, são usadas cinco áreas distintas para definir o ranking de melhores universidades brasileiras: pesquisa, ensino, mercado, internacionalização e inovação. Ela ainda destaca que esses indicadores dialogam com o cenário da educação superior do Brasil.
“Por exemplo, um ranking universitário chinês olha para a quantidade de professores com prêmio Nobel no corpo docente da universidade, isso no Brasil não faria nenhum sentido, pois nós não ganhamos nenhum prêmio Nobel ainda”, completa em entrevista à imprensa.
MEC pode ajudar a escolher a faculdade certa
No Brasil, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) é responsável por regular e supervisionar o sistema educacional, desde a educação básica até a educação superior. As avaliações das faculdades são realizadas por meio de três indicadores principais: o Conceito Institucional (CI), o Índice Geral de Cursos (IGC) e o Conceito Preliminar de Curso (CPC).
Se o estudante busca por uma graduação em Odontologia, por exemplo, encontrará uma grande variedade de cursos e faculdades no país. Uma forma de avaliar a qualidade da instituição é consultar o CPC. Esse indicador mede o desempenho dos alunos, o perfil do corpo docente e a percepção dos estudantes sobre o curso.
Além disso, o interessado também pode observar a infraestrutura, um dos critérios do CI que reflete a qualidade da instituição de ensino superior. Um curso de Odontologia, obrigatoriamente, deve contar com laboratórios, equipamentos, materiais, clínicas, etc. Ao visualizar o CI da instituição, fica mais fácil avaliar esses aspectos.
Mas, se o estudante busca por se formar em Bacharel em Administração de Empresas, por exemplo, pode encontrar concorrência no mercado de trabalho. O número de administradores no Brasil ultrapassa 800 mil, segundo dados do Conselho Federal de Administração (CFA). Por esse motivo, é importante escolher um curso que ofereça oportunidades de estágio, intercâmbio, projetos, etc.
Para conseguir determinar a qualidade do curso diante dessa necessidade, é possível consultar a nota do Enade – exame do MEC que avalia o desempenho dos alunos dos cursos de graduação. As notas vão de 1 a 5 e a avaliação consiste em uma prova de conhecimentos gerais e outra de conhecimentos específicos da área do curso.
Para auxiliar os estudantes no processo de escolha do curso de graduação, o MEC lançou recentemente a plataforma MEC Conecta. Nela, há um mapa interativo que mostra as instituições de educação superior de todo o Brasil e reúne informações sobre áreas de formação, curso e formas de ingresso.
A plataforma é uma parceria com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e permite que o estudante pesquise suas opções por área, curso ou estado. “O que temos observado é que os estudantes precisam de um ambiente que reúna informações qualificadas sobre o acesso à educação superior, opções de cursos e profissões”, considera o diretor de Políticas e Programas de Educação Superior da Secretaria de Educação Superior (Sesu) do MEC, Alexandre Brasil.
Instituições privadas também são uma opção
Um censo realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) mostra que, em 2022, havia 2.457 instituições de ensino superior (IES) no Brasil. Delas, 87,6% são privadas, enquanto apenas 12,4% são instituições públicas. A maioria dos estudantes do ensino superior, cerca de 6,5 milhões, está matriculada em IES privadas.
Faculdades privadas são populares por garantir flexibilidade, oferecendo cursos de diferentes áreas, níveis, modalidades e durações. O censo também revelou que a educação a distância cresceu e deve continuar crescendo ao longo dessa década.
Uma forma de ingressar nessas instituições é usar a nota do Enem em programas como o ProUni ou Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Esses são incentivos do governo para facilitar o acesso e permanência dos estudantes de baixa renda no ensino superior.